A acústica de salas é a área da acústica que se destina ao estudo da modelagem da propagação sonora em ambientes e do condicionamento acústico de recintos como salas de concerto, salas de aula, teatros, igrejas, salas de conferência, escritórios, cinemas etc. O estudo de acústica de salas compreende tanto a caracterização acústica de ambientes já existentes por meio de técnicas experimentais e numéricas, quanto o projeto, adequação e simulação acústica de novos recintos.
Em um recinto, é possível dizer que cada par fonte / receptor pode ter suas características acústicas descritas por sua "resposta ao impulso". A resposta ao impulso do sistema sala-fonte-receptor é composta pelo som direto (caminho direto entre fonte sonora e receptor) e pelas reflexões que a onda sonora sofre (no palco, paredes laterais, teto, piso, etc). A Figura 1a mostra a geometria 3D de um modelo computacional de uma auditório. As reflexões são distribuídas ao longo do tempo e sua densidade tende a aumentar à medida que o tempo passa (Figura 1b). A amplitude de cada reflexão é controlada pela distância percorrida pelo raio sonoro e pelas características de absorção das superfícies do ambiente que este encontra. Dessa forma, na distribuição temporal da densidade de energia sonora, pode-se distinguir três regiões: som direto (composto pelo raio sonoro que percorre o caminho direto entre fonte e receptor), primeiras reflexões (compostas pelas reflexões que chegam ao receptor em até 50-80 [ms]) e a cauda reverberante (composta pelas reflexões finais).
Figura 1 - (a) - Modelo computacional de um auditório mostrando; (b) - Reflectograma típico de uma sala mostrando as três regiões descritas.
Por meio do cálculo de um modelo computacional ou de um experimento é possível obter a resposta impulsiva entre fonte e receptor (Figura 2). A análise da resposta impulsiva permite a extração de diversos parâmetros acústicos da sala como: Tempos de reverberação (T20, T30, T60); Early Decay Time (EDT); Claridade (C80); Índice de transmissão da fala (STI); Fração de Energia Lateral (LEF); entre outros.
Figura 2 - Resposta ao impulso de um sistema sala-fonte-receptor.
As pesquisas em modelos computacionais para o cálculo de respostas ao impulso mono e biauriculares realistas têm sido amplamente desenvolvidas nos últimos anos.
Modelos que se baseiam na solução da equação da onda, tais como: métodos analíticos, elementos finitos (FEM), elementos de contorno (BEM) e de diferenças finitas (FDTD) são usados para a solução do problema de baixas frequências. O custo computacional torna-se elevado para análises de altas frequências.
Modelos que se baseiam na propagação geométrica da energia sonora, tais como: método do traçado de raios, fontes virtuais, radiosidade e métodos híbridos são usados para a solução do problema de médias e altas frequências. Neste caso, a formulação dos métodos, em geral, não incorpora fenômenos de interferência e alguma informação é perdida, mas o custo computacional tende a ser bem menos elevado.
Em qualquer dos casos de modelagem o código computacional usa como dados de entrada:
As respostas impulsivas relativas à cabeça (HRIR – Head-Related Impulse Responses) são usadas para fins de auralização (também chamado de aurilização). Este processo consiste em gerar sinais que podem ser reproduzidos a um ouvinte, de forma que ele tenha a sensação de estar presente no ambiente (mesmo que este ainda seja apenas um ambiente virtual). As aplicações de auralização vão desde a apresentação de um projeto acústico de uma sala de concertos, a aplicações de realidade virtual como áudio imersivo em jogos de computador.
Alguns dos temas estudados pelos grupos de pesquisa da EAC, no atual estado da arte, são: